quinta-feira, 25 de novembro de 2010

@PRENDENDO COM TECNOLOGI@: CADA UM TEM SEU JEITO!



INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO


Carolina Silva Lopes Mancilha

Professora da Rede Municipal de Canoas / RS, atuando na E. M. E. F. João Palma da Silva

maninhacsl@bol.com.br

Resumo:

O presente artigo busca refletir sobre as diferenças existentes nas pessoas, que fazem de cada um de nós um ser único e especial. Destaca também como as novas tecnologias de
ensino podem auxiliar no processo educacional, favorecendo a inclusão e diminuindo as barreiras das diferenças.

Palavras-chaves:

  • Educação

  • Tecnologia

  • Necessidades Especiais

    INTRODUÇÃO

No presente artigo, busco destacar a forma como cada um de nós, seres humanos, somos diferentes, tendo nossos próprios ritmos e caminhos para concretizar nossa aprendizagem.

Refletiremos juntos sobre como a tecnologia pode auxiliar no processo educacional quando trabalhada com alunos com necessidades especiais, oportunizando caminhos para uma maior comunicação e interação no processo de ensino e de aprendizagem.

Estamos sempre aprendendo, e este artigo foi escrito pensando no professor e nos desafios que ele recebe na sua caminhada como educador, quando tem diante de si o desafio de educar um aluno especial, quando muitas vezes não foi preparado para isso.

Aqui você não encontrará receitas mágicas, mas sim, um incentivo para buscar aprender e enfrentar seus desafios, oportunizando a todos os alunos acesso as novas tecnologias, percebendo o quanto o computador pode diminuir as barreiras das diferenças, sendo uma ferramenta muito importante quando falamos de Educação Especial.

Pensar em Tecnologias Assistidas não é apenas pensar em adaptações de softwares ou materiais, mas é pensar em abrir portas e caminhos, rumo a uma educação mais humana e qualitativa, é acima de tudo, um ato de amor e respeito.

CADA UM TEM SEU JEITO

Você já parou para pensar que cada um tem um jeito de ser?... Quando estamos frente aos nossos alunos, diante da nossa turma, logo podemos observar que existem diferenças entre todas as pessoas, muito além das características físicas, existem inúmeras coisas que nos diferem uns dos outros, como nossas personalidades, gostos por times de futebol, cores, comidas... Enfim, cada um tem seu jeito e cada um contribui diante do grupo de alguma forma, pois aprendemos com estas diferenças e no convívio uns com os outros.

Aprendemos quando vivenciamos, experimentamos, sentimos. Aprendemos quando relacionamos, estabelecemos vínculos, laços, entre o que estava solto, caótico, disperso, integrando-o em novo contexto, dando-lhe significado, encontrando um novo sentido. ( MORAN, 2000, p. 23)

Como educadores, buscamos que nossos alunos possam aprender interagindo com estas diferenças, compreendendo-se como parte integrante do mundo, como pessoas críticas e participativas. Para isso é importante proporcionar que os alunos se desenvolvam em diferentes áreas, desenvolvendo sua responsabilidade social, para que o aluno possa interagir na vida familiar e social, percebendo-se importante e capaz de relacionar-se e expressar-se no meio em que vive, sabendo respeitar as diferenças sociais, físicas e raciais que existem, assim como se reconhecendo como ser único e especial.

NÃO EXISTE UM ALUNO ESPECIAL, MAS TODOS SÃO DIFERENTES

Reconhecendo então que todos nós somos diferentes, logo podemos concluir que não existe um aluno especial, mas que cada um de nós é especial.

Mas e o que fazer com aqueles alunos que chegam à nossa sala e que nos chocam por suas diferenças serem mais visíveis do que as outras?... Como estar preparado para trabalhar através da informática com um aluno cego, surdo ou com paralisia cerebral?... Será que podemos trabalhar com todos da mesma forma?...

Partindo do pressuposto que todos nós somos diferentes, fica fácil responder que não vamos trabalhar da mesma forma com todos. Mas enquanto educadores muitas vezes nós somos desafiados a tentar diminuir o caminho das diferenças, buscando que todos nossos alunos possam aprender e ter a oportunidade de se relacionar uns com os outros vivenciando trocas entre si, que também farão parte da construção de sua aprendizagem.

Os caminhos dos educadores para isso, não são fáceis. Quando falamos da utilização da tecnologia como ferramenta de ensino, além das dificuldades de acesso aos laboratórios de informática e das barreiras arquitetônicas que se fazem presente na maioria das escolas, nós temos que pensar ainda na falta de recursos adaptados para os alunos. O que adiantaria colocar um aluno cego diante de um computador sem som?... Seria como se todas as luzes apagassem e estivéssemos perdidos na escuridão. Ao invés de abrirmos portas para este aluno, estaríamos fechando.

Mais do que nunca, queremos formar cidadãos críticos, capazes de atuar no mundo, refletindo sobre as próprias ações, criativos, conscientes e decididos.

A abertura de novos horizontes mais aproximados da realidade contemporânea e das exigências da sociedade do conhecimento depende de uma reflexão crítica do papel da informática na aprendizagem e dos benefícios que a era digital pode trazer para o aluno como cidadão. (BEHRENS, 2000, p. 74)

Vivemos numa era digital, onde a tecnologia se expande rapidamente, fazendo parte de nossas vidas e estando cada vez mais presente no nosso dia a dia.

As novas tecnologias devem ser vistas como um caminho para diminuir as barreiras das diferenças, dando oportunidade, por exemplo, a um aluno com paralisia cerebral que não pode segurar um lápis e escrever como a maioria das pessoas, possa através de recursos adaptados se comunicar e se expressar.

Recursos adaptados nos laboratórios de informática não fazem parte das escolas. Mas no momento em que recebemos um aluno que necessite de algo diferente, que não consegue aprender através dos mesmos recursos que os demais alunos, devemos estar atentos ao fato de que existem materiais adaptados, e que devemos procurar, para que estes possam fazem parte do espaço escolar.

Às vezes, adaptações caseiras podem ser bem vindas. O primeiro passo é o respeito e o acolhimento para nosso aluno, pois não adianta pensar em tecnologias assistidas se não pensarmos em inclusão.

É muito comum vermos algumas escolas falarem que praticam inclusão, mas que ao mesmo tempo dispensam alunos de algumas aulas por julgarem que estes não estão preparados para determinadas atividades ou pela falta de recursos apropriados para atendê-los. E não se pode culpar o educador, pois a primeira barreira que ele deve enfrentar é a do medo. Pois quando recebemos um aluno diferente na nossa sala, ao qual não poderemos trabalhar com os mesmos recursos que nós estamos acostumados a trabalhar... Enfim, a insegurança vai tomando espaço, afinal, educar é um compromisso, e existe receio se o que estamos fazendo vai dar certo, se é a melhor forma para atender nosso aluno, se ele vai aprender com qualidade.

Esses nossos medos, não podem servir como barreiras, que façam com que nos achamos incapazes de trabalhar com determinadas diferenças. Nossos medos e inseguranças existem, pois somos humanos.

NOVAS TECNOLOGIAS: RECURSOS ADAPTADOS

Pensando nas novas tecnologias como ferramenta de ensino, você sabia que existem recursos adaptados para alunos com necessidades especiais?

Vamos pensar em algumas pessoas diferentes que necessitam materiais diferenciados para desenvolverem suas potencialidades:

a) Baixa visão ou cegueira:

Alunos com problemas visuais devem trabalhar com softwares que fazem a descrição oral dos comandos, lendo, soletrando e utilizando-se de recursos sonoros que possam oportunizar a compreensão do que está sendo realizado. O DosVox, desenvolvido em 1993, é um exemplo de software para ser trabalhado com alunos com necessidades visuais, pois é um programa que oferece leitores de tela. Por ser um sistema gratuito e disponível na Internet, se torna uma alternativa fácil. Também existem impressoras em braille, que são semelhantes às impressoras comuns, porém tem como resultado a produção de material escrito em braille.

b) Surdez:

O aluno surdo não necessita softwares diferenciados, apenas não poderá trabalhar com programas que priorizam a comunicação oral, sem oportunizar legendas e alternativas que permitam a comunicação visual. Existem sites que exploram a linguagem de sinais, podendo favorecer a comunicação entre você e seu aluno, assim como pode ampliar o conhecimento da turma, para que todos os alunos possam se relacionar melhor e conviver com as diferenças existentes no grupo. Proporcionar que todos alunos tenham contato com a língua de sinais pode ser uma atividade muito rica e produtiva para todos os alunos.

c) Paralisia Cerebral:

Cada aluno portador de paralisia cerebral é diferente, é único, e precisa ser estimulado para que desenvolva suas habilidades. Neste campo, existem muitos recursos adaptados para que estes alunos possam ser beneficiados pelas novas tecnologias de ensino. Alguns usuários necessitam de adaptações no próprio corpo, como próteses, adaptadores de punho, nuca, teclados virtuais, teclados colméias, adaptações de mobiliário, entre outros recursos. É necessário conhecer o aluno, suas necessidades e habilidades.

Muitas vezes os alunos não podem expressar-se com facilidade, por problemas de fala, mas ao utilizarem do computador para se comunicarem conseguem estabelecer um grande diálogo e nos dando retorno daquilo que sabem, pensam, gostam... Enfim, a informática tem sido uma importante porta para estes alunos, permitindo que se desenvolvam em diferentes áreas e que estabeleçam comunicação.

As adaptações devem ser feitas sempre pensando no aluno, no seu conforto, e na sua situação real, é preciso ter em mente questões de designer a acessibilidade. As interfaces gráficas podem oportunizar uma maior integração favorecendo uma maior interação com os alunos e com a máquina.

Não podemos desanimar diante dos primeiros obstáculos, pois nem sempre acertamos as melhores adaptações na primeira tentativa, assim como muitas vezes não temos acesso aos melhores materiais. É preciso ser perseverante e continuar estudando e buscando alternativas que permitam o melhor desenvolvimento do aluno.

Além disso, existem inúmeros softwares que buscam desenvolver o aluno e suas habilidades, explorando suas potencialidades e respeitando seu próprio ritmo de aprendizagem.

Primeiramente, é preciso conhecer o aluno com o qual estamos trabalhando e estar atendo as suas habilidades, pois assim poderemos ver se este aluno necessitará uma adaptação ou não, pois afinal, nem todos os usuários necessitam de adaptações especiais.

Segundo material distribuído pelo Ministério da Educação, podemos dividir os usuários num grupo de quatro, sendo eles:

a) Usuários que não precisam de recursos especiais;

b) Usuários que necessitam de adaptações em seu próprio corpo;

c) Usuários que necessitam de modificações no computador;

d) Usuários que necessitam de programas especiais.

O importante é procurar conhecer nosso aluno, saber respeitar suas limitações, sem fazer delas barreiras, mas etapas a serem superadas conforme seu próprio tempo, pois cada um de nós tem uma forma de aprender, talvez alguns se utilizem dos mesmos recursos neste processo, mas caso isso não seja possível, existem caminhos alternativos e novas formas de olhar e pensar em educação, onde cada um de nós pode procurar a melhor forma de aprender.

O computador oportuniza ao aluno a busca do que necessita, auxiliando na construção do seu próprio conhecimento, favorecendo a experiência e o armazenamento de novas informações de forma interativa.

O uso do computador permite que, para uma mesma proposta de trabalho feita pelo professor, surjam inúmeras possibilidades. A não unicidade, não linearidade do pensamento explicita-se, por exemplo, quando o aluno abre várias “janelas”, do mesmo ou de diferentes programas, e “importa” delas o que necessita para seu trabalho. Esta atividade, aparentemente simples, demonstra que houve reflexão, estabelecimento de relações, avaliação, tomada de decisão, etc. Mostra-nos que houve um esforço e os anteriormente construídos, o que caracteriza, claramente uma aprendizagem assentada em conceitos. (MORAES, 2002, p. 21)

Essa flexibilidade de criação que o computador nos permite, trazendo inúmeras possibilidades, faz com que nossos alunos busquem soluções para as atividades propostas, interagindo com os colegas e com a própria máquina.

DESAFIOS

Quando estamos diante do novo surgem muitos desafios a serem superados. Desafios como o de aceitação a mudanças de paradigmas e novas concepções de olhar, ao fato de termos de nos adaptarmos a novos recursos, aprender e superar.

Uma sociedade só cresce com a participação, cooperação e colaboração de todos. Sem a interação do grupo, uns cooperando e colaborando com os outros estaríamos ainda na “idade da pedra”. Crescemos e construímos porque somos seres capazes de conviver em uma sociedade onde cada um isoladamente contribuiu para que a mesma se desenvolva trazendo benefícios para todos. No momento em que estamos participando ativamente com o meio, estamos aprendendo e repassando conhecimentos. A busca constante pelo aprendizado, faz com que as pessoas construam seus conhecimentos de forma interativa com o meio.(MOURA et al., 2002)

Somos seres em constante evolução, estamos sempre crescendo a aprendendo, não existe uma receita mágica que nos ensine a vencer estes desafios, mas o importante é fazer com que eles possam despertar interesse e vontade de aprender junto com o nosso aluno, que nos faça curioso bastante para procurar mais recursos e tentar fazer com que nossas aulas sejam acessíveis a todos, independentes das suas diferenças.

Somos sujeitos que estamos em constante evolução. Cada desafio deve ser encarado como uma oportunidade de aprendermos mais. Não podemos fechar portas, mas tentar abrir elas, estando dispostos a encarar nossos desafios, sem medo de errar, mas tendo consciência que nossos erros e nossas falhas podem fazer parte de uma caminhada com muitos acertos e sucesso.

Desistir antes mesmo de começar e não dar oportunidade para que todos possam se beneficiar da tecnologia seria o maior dos erros.

As novas tecnologias fazem parte das nossas vidas e elas ocupam o nosso dia a dia, ganhando espaço nas escolas, como ferramenta de ensino. E cabe a nós educadores o desafio de torná-las um recurso cada vez mais utilizado na educação, de forma que possa beneficiar a todos, ainda mais para aqueles que mais precisam deste recurso para tornar possível seu aprendizado.

CONCLUSÃO

Segundo Haetinger (1998, p. 09), “a maior luta atual é por um ensino mais humano, voltado para o real interesse dos alunos, tornando-os agentes do processo educacional”, nesse sentido, a escola tem como desafio utilizar as novas tecnologias como ferramentas capazes de promover esta transformação.

Haetinger afirma que:

Utilizar a informática como recurso pedagógico é mais do que querer é uma ação necessária para a exploração de todas as possibilidades do saber. Porém, ainda mais importante, é proporcionar aos aprendizes o prazer de pensar livre e criativo, oferecendo, a cada um deles, a oportunidade de crescimento pessoal, social e cultural. (2003, p. 52)

É preciso utilizar das novas tecnologias de ensino para desenvolver o aluno como um todo, oportunizando meios para que ele faça parte da sua própria construção, desenvolvendo-se como pessoa, propiciando o desenvolvimento de contatos sociais e culturais.

Para finalizar, gostaria de deixar aqui as palavras de Gabriel Chalita:

...um sonho... O sonho de manter acesa a chama vibrante, intensa e colorida da infância. Um tempo marcado pelo encantamento da atmosfera onírica que rege a primeira e mais importante fase de nossas vidas. Uma época singular, rica, pessoal e intransferível. Período que representa uma galáxia em meio a todos os outros milhões de sistemas estrelares produzidos pela fértil imaginação infantil. Imaginação livre de preconceitos, de negativismos e de limitações. A pureza, a ousadia e o espírito quase selvagem dos primeiros anos nos marcam de forma indelével por toda a existência... É como se esse período fosse comandado pelo ritmo de um relógio cujos ponteiros marcam só diversão e alegria... Um tempo cujo cheiro, gosto, cor e som continuamos perseguindo, de forma consciente ou inconsciente, por toda a vida. (2003, p. 09)

Que possamos estar sempre atentos a buscar caminhos e abrindo portas, fazendo com que as novas tecnologias de ensino possam ser novos horizontes.

Que possamos buscar vencer nossos próprios medos, não construindo barreiras, mas ao contrário, possibilitando que degraus sejam construídos através da nossa prática como educadores.

Que não deixamos morrer a capacidade de sonhar... Pois somente quando sonhamos podemos realizar. Nossos sonhos são os primeiros passos para nossas realizações.


SITES IMPORTANTES

www.acessibilidade.net/at/kit

www.assistida.com.br

www.cnt.lakefolks.com

www.intervox.nce.ufrj.br/motrix/download.htm

www.ler.pucpr.br/amplisoft

www.l2f.inesc-id.pt/~lco/eugenio/

www.saci.org.br

www.tecnologiaassistiva.com.br

www.xtec.es/~jlagares/f2kesp.htm

www.bengalabranca.com.br

www.clik.com.br

www.laramara.org.br/laratec.htm

www.reateam.com.br

www.terraeletronica.com.br

www.assistiva.org.br

www.acessobrasil.org.br/libras

www.libras.org.br

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERSCH, Rita de Cássia; PELOSI, Myriam Bonadiu. Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento e material pedagógico para educação, capacitação e recreação da pessoa com deficiência física: tecnologia assistida: recursos de acessibilidade ao computador / Secretaria de Educação Especial – Brasília: ABEPEE – MEC: SEESP, 2007.

CHALITA, Gabriel. Pedagogia do Amor. São Paulo - SP: Editora Gente, 3ª edição, 2003.

HAETINGER, Max Günther. Criatividade, Criando Arte e Comportamento. Porto Alegre: Edição Criar, 1998.

HAETINGER, Max Günther. Informática na Educação: Um Olhar Cri@tivo. Porto Alegre - RS: Edição Criar, vol. 2, 2003.

MORAN, José Manuel; MASSETO, Marcos T.; BEHRES, Marilda Aparecida. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.

MOURA, Ana Maria Mielniczuk de; Azevedo, Ana Maria Ponzio de; Mehlecke, Querte . As Teorias de Aprendizagem e os Recursos da Internet Auxiliando o Professor na Construção do Conhecimento. 2002. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2007.

SCHOLZE, Lia; MORAES, Salete Campos de (Orgs.). Cadernos Temáticos - Multimeios e Informática Educativa. Porto Alegre: Secretaria Municipal de Educação, 2002.



domingo, 14 de novembro de 2010

Sou professor, recebi um aluno especial... O que fazer?


Que educador ainda não se fez essa pergunta diante deste desafio?... Bom, como sempre, a vida da gente é feita de escolhas... Podemos escolher aprender sobre este aluno, tentar interagir com ele e nos deixar levar por este lado desafiador e cheio de novas descobertas e aprendizagens que é a inclusão, ou simplesmente não fazer nada, afinal, quem pediu um aluno especial na sua sala?...

Se você é como eu, sem sombra de dúvida seguirá o primeiro caminho, e não apenas vai ensinar este aluno, como com ele também vai aprender muito.

Alunos especiais são assim mesmo, eles chegam na nossa sala, para modificar toda a rotina, dar aquela chacoalhada na gente e nos desafiar a fazer mais, a ser ainda mais criativo.

E quando estamos diante destes alunos e destes desafios, temos que pensar em algumas questões importantes:

- Quais as necessidades/dificuldades deste meu aluno?

- Quais suas potencialidades/habilidades?

- Como posso explorar suas potencialidades/habilidades afim de sanar (ou diminuir) suas necessidades/dificuldades?

- Quais meus objetivos para trabalhar com este aluno neste ano letivo?

E finalmente:

- Como adaptar recursos e materiais para atingir meus objetivos?

Sim, educar não é tarefa fácil... E diante de desafios a tarefa pode se tornar mais difícil, mas se você se deixar levar nesta aventura, no final do ano letivo, com certeza se sentirá recompensado, e muita coisa terá aprendido.

Quando pensamos nos recursos, tudo parece tão distante... Afinal, nem temos nas escolas públicas tudo que achamos que seria necessário para educar os alunos, de modo geral, imagina então material adequado para um aluno especial?... Mas o mais importante de tudo, é pensar, que estes materiais podem ser adaptados e criados com sucatas e muita criatividade. Exemplo disso, é o teclado que criei para trabalhar com uma aluna de baixa visão nas aulas de infomática. Peguei um teclado antigo, desses que tem as teclas um pouco maiores, e fiz uma dapatação com recorte e colagem, colocando sobre as teclas um papel com a letra desenhada de canetinha, ocupando todo o espaço da tecla. Ainda marquei as teclas de espaço, travessão, enfim, também ganharam destaque. Dessa forma, ela podia digitar mais facilmente do que com o teclado comum.

Quando falamos de deficência visual também podemos limitar um desenho, colocando cordões ou lã em seus contornos. Tive a oportunidade de aprender numa tarde de encontro para formação de professores com alunos com problemas visuais a construir um caderno para alunos com baixa visão. Era recomendado o uso de um caderno comum de desenho, que fosse colocado linhas neles, de dois em dois centímetros, fazer a margem com destaque também. Essas linhas, eram feitas com canetinha, assim como a margem. Poderia ao invés de usar o caderno de desenho, fazer numa folha de ofício, reproduzir e encadernar. Para usar este caderno, o aluno deveria ter um lápis de desneho especial, pois eles são mais grossos e mais fortes, e consequentemente uma borracha especial de desenho, pois para este tipo de lápis se faz necessário isso.

Com alunos com problemas auditivos, é importante posicionar eles na sala, de forma que sua atenção esteja voltada para você (professor), e tem um vídeo bem interessante sobre esta temática: http://www.youtube.com/watch?v=_DADdyUiPko

Criar meios, recursos, metódos... É tarefa diária, de constante busca e um exercício de criatividade e perseverança... Com certeza não existe uma fórmula mágica e milagrosa para atender essas necessidades. Mas nem por isso se torna tarefa impossível, acredito que acima de tudo, vale a pena insistir e acreditar que podemos educar TODOS os alunos. E se alguém me perguntar se sou uma sonhadora, vou dizer com MUITO otgulho que sim!!! Afinal, todo professor deve ser meio louco e sonhador, deve acreditar que seu papel na sala de aula, mesmo sendo uma sementinha, que vai brotar e render bons frutos na vida daqueles alunos que passam pelo nosso caminho.

Enfim, muitas vezes, vale mais o olhar atento e criativo do professor, para inventar seus próprios materiais pedagógicos para melhor atender as necessidades de alguns alunos, só é preciso boa vontade e muita criatividade.

Inclusão Escolar:

Inclua-se nesta causa também!

Carolina Silva Lopes Mancilha

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Pensamento (2)



Deficiências por Mário Quintana


"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direcção daqueles que precisam de sua ajuda.

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser:

"Miserável" pois: "A amizade é um amor que nunca morre."

sábado, 9 de outubro de 2010

Reflexões e Linha do Tempo


Educação Especial Escolar

“Pessoas com dEficiência são aquelas que têm impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdades de condições com as demais pessoas.”

Convention on the Rights of Person with Disbilities and Optional Protocol, 2007




Acredito numa Educação Inclusiva onde todos os alunos possam ter acesso a escola, onde sejam oferecido a todos alunos alternativas que explorem suas potencialidades através de uma participação interativa entre todos que estão envolvidos no processo educativo do aluno.

O sucesso escolar do aluno com necessidades especiais e sua integração na escola, giram em torno da participação efetiva da família, do envolvimento de profissionais qualificados para realizar um atendimento especializado (quando necessário) e da escola. Essa parceria é muito importante para que o aluno possa participar das aulas de forma efetiva, garantindo a igualdade de condições de acesso e permanência na escola.

Linha do Tempo da Educação Especial no Brasil

1854 - Durante o período imperial o governo l criou o atendimento às pessoas com deficiência com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, no Rio de Janeiro.

1857 - Fundado o Instituto dos Surdos Mudos, atual Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, no Rio de Janeiro.

1926 - No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi, instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental.

1945 - É criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por por Helena Antipoff.

1954 - Fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE.

1961 - O atendimento educacional às pessoas com deficiência passa ser fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº. 4.024/61, que aponta o direito dos “excepcionais” à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino. A LDB dessa época expressava um sonho que parecia muito longe com realidade da época, no qual a repressão, o autoritarismo reinavam na sala de aula, fora que a escola era para os privilegiados.

1971 - A Lei nº. 5.692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao definir ‘tratamento especial’ para os alunos com “deficiências físicas, mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados”, não promove a organização de um sistema de ensino capaz de atender as necessidades educacionais especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais.

1973 - É criado no MEC, o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que, sob a égide integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação; ainda configuradas por campanhas assistenciais e ações isoladas do Estado.

1988 - A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais, “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” , como um dos princípios para o ensino e, garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).

1994 – É publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando o processo de ‘integração instrucional’ que condiciona o acesso às classes comuns do ensino regular àqueles que "(...) possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais”. (p.19). Ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de padrões homogêneos de participação e aprendizagem, a Política não provoca uma reformulação das práticas educacionais de maneira que sejam valorizados os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum, mantendo a responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente no âmbito da educação especial.

1996 - A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9.394/96, no artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências e; a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado” (art. 24, inciso V) e “[...] oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37).

1999 - O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº. 8.069/90, artigo 55, reforça os dispositivos legais supracitados, ao determinar que "os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”. Também, nessa década, documentos como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), passam a influenciar a formulação das políticas públicas da educação inclusiva. O Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular.

2001 - Na Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2ºOs sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, as segurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001).

Fonte da linha do Tempo:
http://www.xtimeline.com/timeline/Evolu--o-da-Educa--o-Especial-no-Brasil---principais-documentos

Seminário a Escola Faz A Diferença!






Amigos, vamos participar!


Carolina Silva Lopes Mancilha

Pensamento (1)



"Nesta sociedade não há lugar para atitudes como abrir espaços para o deficiente, ou aceitá-lo, num gesto de solidariedade e depois ir dormir com a sensação de ter sido bonzinho. Somos apenas, isto é o suficiente, cidadãos responsáveis pela qualidade de vida do nosso semelhante, por mais diferente que ele seja ou pareça ser”.

(Werneck, 1993, p. 35)


Não sou igual, mas quero oportunidade para me realizar mesmo sendo diferente”.

Carolina Silva Lopes Mancilha


É impossível falar em Educação Especial, sem pensar em amor e doação.

“Mas seja na gramática, seja na poesia, seja na etimologia, seja na filosofia, a verdade é que basta estar vivo para saber – de maneira consciente ou inconsciente – que o amor transcende qualquer ciência. Ele nasce, cresce e se multiplica, ocupando espaços maiores ou menores, mas sempre edificados com o que há de mais nobre no espírito e no coração do ser humano”.

Chalita, Gabriel. Pedagogia do Amor. 3. ed. São Paulo: Editora Gente, 2003.


O que é o AEE?

O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela.

(Secretaria de Educação Especial, 2008, p. 15).

Quem é o público-alvo do AEE?

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (de janeiro de 2008), afirma que a Educação Especial deve oferecer o Atendimento Educacional Especializado às necessidades educacionais especiais dos alunos com: deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

    • Alunos com Deficiência: “aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (p.2). Portanto, são os alunos com deficiência mental, deficiência física, surdez, deficiência auditiva, cegueira, baixa visão, surdocegueira ou deficiência múltipla.

    • Alunos com Transtornos Globais do Desenvolvimento: “aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos em outra especificação” (p.2).

    • Alunos com altas habilidades/superdotação: “aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotora, artes e criatividade” (p.2).

Que formação o professor do AEE deve ter?

De acordo com as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado – AEE na Educação Básica, para o professor atuar no AEE, ele “deve ter formação inicial que o habilite para o exercício da docência e formação específica na educação especial, inicial ou continuada” (p.4).

Quais as atribuições do professor do AEE?

Além de organizar o atendimento na Sala de Recursos Multifuncionais, o professor deverá orientar os demais colegas do ensino regular que trabalham com os alunos que frequentam o AEE. Deverá também nortear e acompanhar os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno nos demais espaços escolares.

No contexto do AEE, cabe ao professor ensinar e também utilizar os recursos de Tecnologia Assistiva (tá).

Finalmente, o professor do AEE deve formar parcerias com as áreas intersetoriais e promover a articulação com os serviços da saúde, assistência social, etc., buscando na interdisciplinaridade do trabalho desenvolvido o apoio necessário para pensar o trabalho educativo. Em seu trabalho, o professor do AEE fará a avaliação pedagógica dos alunos para estabelecer as estratégias e os recursos mais apropriados para cada caso, tendo em vista a necessidade específica de cada sujeito. Um aspecto importante a ser considerado na avaliação do professor e que vai além das questões relativas à aprendizagem, é a história familiar e escolar do aluno. É necessário que o professor colete dados sobre a vida desse aluno através de entrevistas familiares, buscando o máximo de informações sobre ele, enfatizando os progressos escolares, seus relacionamentos na esfera social e sua circulação na dinâmica familiar.

Resumindo...

- O AEE não é substitutivo do ensino regular e, sim, complementar e/ou suplementar;

- O AEE destina-se a alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação;

- O AEE deve ser oferecido preferencialmente na mesma escola em que o aluno frequenta o ensino regular, em turno inverso para não dificultar ou impossibilitar a frequência à sala de aula comum;

- O AEE deve constar no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola de ensino regular. O PPP deverá refletir a pluralidade de ações que envolvem o ato educativo em que TODOS são capazes de aprender, embora com ritmos e estilos de aprendizagem diferentes.


Material elaborado a partir do texto Atendimento Educacional Especializado (AEE)

das autoras/professoras Marcia Doralina Alves e Taís Guareschi

(Curso AEE - UFSM)